Playlist Outubro
Não se enganem, 2015 já acabou. Talvez por isso esteja cada dia mais difícil subir os morros da vida, oprimidos e comprimidos pelo peso nas costas, pela dor de dentes e pelas juntas cansadas. Estamos atrasados, sabemos, mas não jogamos a toalha ainda. A situação nos obriga a ficarmos menos atentos às novidades quentes e mais de olho naquilo que acabou ficando para trás. Seguimos em frente.


Os títulos estão organizados assim:
Quem / Onde / Música / Disco
Matador / Uruguai / Grito en el Cielo / Matador
Santiago Bogacz é o camarada de Montevidéu que assina suas criações musicais com o nome Matador. Um folk rock na maior parte das vezes bem barulhento (cai matando), mas que às vezes soa mais melódico (morte suave e lenta). Morreremos todos.


Minami Deutsch / Japão / Terra Recipe / Minami Deutsch
Banda nova, formada em 2014, que não faz exatamente música japonesa, mas que levam a um bom termo uma pegada de krautrock alemão. Não chega a ser um Can, mas eles são bons.


Yo Maté a Tu Perro / México / Kevin Arnold / Yo Maté a Tu Perro
O título dessa faixa toca direto em nossos corações oitentistas. Mexicanos de Santa Catarina, cidade que fica em Nuevo Léon, a banda se formou com a pretensão de ser despretensiosa.  Disco cheio mesmo, esse é o primeiro deles. Barulho bem interessante.


Sophie Hunger / Suíça / Heicho / Supermoon
Suíça de Zurique, filha de diplomata, Sophie morou em muitos lugares na sua infância, canta em várias línguas e gravou este, seu 5º disco, em diferentes lugares (San Francisco, Londres, Bruxelas, etc). Belo disco.


Sanseverino / França / La jambe de bois / Papillon
Com muitos anos de estrada, Stéphane Sanseverino segue a trilha cigano-acústica de Django Reinhardt, com muito bom humor. O disco é inspirado no romance “Papillon” de Henri Charrière e Sanseverino faz para cada capítulo uma faixa. Como ele diz: “um karaokê literário”.


Mustache & Os Apaches / Brasil / Orangotango / Time is Monkey
Os bigodudos deixaram de lado a predileção pelo acústico e pelas calçadas da cidade de São Paulo e se aventuraram na eletricidade e nos palcos de verdade, nesse segundo disco. Essa faixa tem a participação de Gustavo da Lua, percussionista da Nação Zumbi. “Orangotango também pensa.”


Sacri Cuore / Itália / Una Danza / Delone
Quarto disco deles que se intitulam os filhos bastardos de Fellini e fazem música com jeitão de trilha sonora de faroeste sessentista. O disco tem várias participações, dentre elas Steve Shelley, baterista do Sonic Youth. Tarantino e David Lynch aprovariam.


Beltaine / Polônia / Db / Miusjik
Trio polonês que mistura a tradicional música celta com um monte de outras coisas (está assim no release: “traditional Irish, Scottish, Breton, classical East Indian and modern ones – such as funky, rock etc”), lançaram em fevereiro o seu quinto disco. Tipo Game of Thrones.


Monoswezi / Vários / Povo M’povo / Monoswezi Yanga
Mo – no – swe – zi = Moçambique – Noruega – Suécia – Zimbábue. Cada um de um lugar, essa turma explora as similaridades entre as músicas típicas de Moçambique e de Zimbábue com o jazz ocidental. Bem bonito.


Bachar Mar-Khalife / Líbano / Yalla Tnam Nada / Ya Balad
Libanês que se mudou para a França aos 6 anos de idade, por conta da guerra civil e agora lança um disco que tematiza a saudade de seu país. Nessa faixa, uma tradicional canção de ninar libanesa, ele é acompanhado pela voz da atriz iraniana Golshifteh Farahani, aquela que posou nua e por isso está proibida de voltar ao seu país. Sofisticadíssimos tempos modernos.