Cuba está presente nas letras e na música do Orishas. No show do grupo, essa relação ganha em intensidade e é possível entender um pouco melhor a identificação com o país de origem. Os três integrantes do núcleo fixo da banda moram na Europa: Roldán em Paris, Ruzzo em Milão e Yotuel em Madri. No entanto, no palco do Chevrolet Hall em Belo Horizonte, no último fim de semana, eles mostraram que são  acima de tudo cubanos.
“Representar Cuba” é a mensagem que ecoa de uma de suas canções mais conhecidas. A distância do país de origem parece dar um ar diferenciado para este sentimento de pertencimento. Quando uma bandeira cubana surge em meio ao público, o caminho dela rumo ao palco é natural e inevitável. Em poucos instantes, Yotuel já está enrolado com ela, arrancando gritos e suspiros de emigrantes cubanos que prestigiam o show.

O engenheiro Lino Garzon, que vive no Brasil há 16 anos, é um deles. “Esse tipo de show é muito interessante e importante para nós, pois representa um reencontro com a nossa identidade”, afirma, sem esconder o sorriso, para complementar em seguida: “O fato de estarmos aqui, mais longe, não representa nenhuma renúncia de nossa identidade. Nós continuamos sendo cubanos”.
O também cubano Julio Diaz chegou ao Brasil há pouco mais de um ano e longe de seu país teve a oportunidade de ver uma apresentação da banda pela primeira vez. “Vim para ficar com minha esposa no Brasil. Nunca havia visto o Orishas cantar, nunca tinha visto no meu país e tive a oportunidade de assistir aqui no Brasil. Representa muito bem a musica cubana”, destaca.
Identificações com o som e com a história daqueles que estão no palco. A valorização da cultura nacional, assim como a de muitas outras coisas na vida, acaba crescendo e se fortalecendo com a distância.
“Antes, quando eu morava em Cuba, nem dava atenção para a música cubana propriamente dita. Eu gostava mais de shows em inglês e de outros artistas que iam ao país. Mas quando vim para o Brasil essa vontade, essa saudade aumentou. Foi quando realmente eu comecei a ouvir musica cubana”, conta Héctor Falcon, publicitário que já mora no Brasil há 18 anos.
“No Brasil, eu sou mais cubano do que fui lá. Eles estão passando pelo mesmo, por essa saudade que sentem do país. No fundo, são acordes que vem realmente de Cuba”, afirma Falcon.

Da esquerda para a direita: Héctor Falcon, Julio Diaz e Lino Garzon