San Alejo é o nome de uma simpática cidadezinha em El Salvador. O santo que lhe deu o nome é conhecido entre nós por Santo Aleixo. Viveu na Idade Média, e já foi muito mais pop no seio da Igreja Católica, no tempo em que era padroeiro dos professores.
No Brasil também tem Santo Aleixo, localidade turística que é distrito de Magé, no Rio de Janeiro.
Sanalejo, tudo junto, é a grafia correta do nome de uma banda colombiana que desde 2003 vem se revelando uma máquina de vender discos. O gênero musical é o tropipop, compartilhado por outras bandas compatriotas como Bonka e Wamba e sucesso entre os estudantes de colégio. Sanalejo é o principal nome do tropipop, não sem o merecer. Estão há mais tempo na estrada e se situam em um patamar acima dos demais em relação à estética e ao esmero nas produções. Fazem seu trabalho com mais naturalidade; suas letras não se limitam a temas melosos, mas falam de humor, diversão com os amigos, porres e liberdade.
Os primeiros discos do Sanalejo, o homônimo de 2003 e Alma y locura de 2005, contêm uma dose de ingenuidade sonora típica das bandas novas criadas por pessoas jovens. “Solo he quedado” e “Pa’na”, no álbum Sanalejo, além de “El Culevante” e “Mujer Calavera”, no Alma y Locura, são exemplos de músicas despretensiosas que deixariam insuspeita a real dimensão do trabalho da banda. Por outro lado, nestes mesmos discos já é possível encontrar sinais de que o cadinho sonoro do Sanalejo carrega muito mais tipos de materiais do que uma análise superficial poderia concluir. Faixas como “Barman”, no primeiro disco, e “El Diablo” e “Guaricha”, no segundo, atestam que a receita da banda não é apenas música caribenha + música pop/2: existe, também, muito ska, funk, fanfarra, voz, ritmo, tempo nesta brincadeira. São vários os sinais de que há um trabalho em evolução.
Esta evolução acontece no álbum No lo hagas, de 2007. É o típico CD em que se percebe a mão do produtor em cada detalhe, como que querendo dar um rumo, um posicionamento bem definido para a banda. É um álbum mais pop, no sentido de procurar agradar o gosto médio, mas também mais sofisticado: os caras passaram a usar recursos, instrumentos, efeitos sonoros de que não dispunham nas apresentações dos tempos de colégio. Influências do jazz, funk, soul, reggae são perceptíveis ao longo do CD, que tem seus hits pop, como “Mejor que tú no hay nada” e “Me gusta (pequeña putita)”, mas também música para momentos de menor euforia e igual contentamento. O tropipop está praticamente enterrado, afogado pelos instrumentos de sopro que dominam o álbum e garantem o sutil entrelaçamento com a latinidade. O ponto alto do disco fica com o ska, que os músicos da banda finalmente puderam levar a cabo com toda energia. “Loco” e “De tripas corazón” são infinitamente mais contagiantes do que “Barman”, que ainda guardava um quê de downtempo.
Com o álbum No lo hagas, a banda Sanalejo pretende deixar claro que agora faz um som de adultos, mas não para os adultos. A banda amadureceu, talvez querendo acompanhar os colegas de colégio que foram para a universidade. Mas não deve envelhecer o som a partir daí, sob pena de perder a juventude que a definiu desde os primeiros sucessos. O disco é bem variado, mantendo a proposta eclética do grupo. Mas se é preciso indicar alguma coisa, “Mirando al sur” e ” Amapola” representam a contribuição do Sanalejo para uma proposta integradora de música latino-americana. “Me gusta (pequeña putita)” é um elogio à lascívia feito com bom gosto. É o típico hit pouco programado: não foi a primeira música de trabalho do disco, mas é aquela que acaba e ainda nos deixa a pensar nela, na letra bem tramada. Este é o clipe oficial e dessincronizado; em pouco tempo deve ser possível encontrá-lo na fluência normal.