Chapinlândia – música de marimba da Guatemala é um dos discos mais vendidos da Folkways, gravadora que ele criou. Música judaica de Uganda e Baladas piratas da Irlanda e outras canções do mar fazem parte do catálogo, que conta também com Luiz Bonfá e seu violão solo gravado no Rio.
Apesar de morar no centro do império, Moses Asch tinha uma alma bárbara. Nascido em Varsóvia, mudou-se cedo para os Estados Unidos e sua missão de vida era desbravar o mundo em busca de sons raros. Na bagagem, levava o fracasso de duas outras gravadoras e a vontade de fazer a Folkways dar certo. Nome que ele considerava lógico já que, para ele, todo mundo era “folk”, do povo.
Seu propósito era captar todos os sons do mundo. Não apenas músicas, mas, inclusive, aspirações e manifestações humanas. Para alguns, a Folkways foi a primeira gravadora a oferecer o que chamamos hoje de world music. Mas basta ler um pouco mais sobre “Moe” para ver que suas aspirações iam além. Para dar vida ao seu projeto, ele se embrenhou em cidades remotas da Amazônia, gravou poesias da vanguarda de Nova York, encontrou pessoas que liam obras gregas em grego antigo, músicas dos índios americanos e registrou manifestações de povos de todo o mundo pedindo liberdade.
As gravações, para ele, levavam educação e entretenimento ao mesmo tempo. E, curiosidade, a maior parte delas trazia um panfleto explicando e analisando os sons. O resultado é uma compilação de 2.168 álbuns, criada num intervalo de 38 anos. Mais facilmente encontrados em bibliotecas que em lojas de música. Ele fazia questão de manter todos os títulos em catálogo. E justificava: “você por acaso deleta a letra Q do alfabeto só porque você não a usa tanto quanto as outras?”
Asch morreu em 1986. Logo depois, no início de 87, a Smithsonian Institute comprou a gravadora e os direitos de reprodução dos discos, criando a Smithsonian Folkways Recordings. A idéia era preservar o acervo e uma das condições para a venda era que todos os álbuns continuassem em catálogo, independentemente de quantas unidades vendessem por ano.
Todos estes títulos, além de outros criados após a morte de Asch, estão disponíveis no site da Folkways. É possível ouvir um pouco das faixas de cada álbum e comprá-los pela internet. Outro jeito de conhecer o acervo, segundo a revista Vida Simples, é pelo iTunes. Busque pelo podcast Folkways Collection e divirta-se.