“Sou como um trem que atravessa desertos e quebra a calma em dois (…) Eu por amor dou a vida, porque de amor um dia minha vida nasceu”.
O trecho, retirado da canção “Como um trem”, resume bem o perfil de seu compositor: Raúl Alberto Antonio Gieco, vulgo León. Um homem que desde criança vive sua vida em cada cenário para onde leva sua música e sua arte.
León Gieco é um cantor e compositor popular da Argentina. Nasceu em 20 de novembro de 1951 em uma chácara perto de Cañada Rosquín, no centro da província de Santa Fé. Sua obra caracteriza-se pela mistura entre o gênero folclórico e o rock argentino, e pelas conotações sociais e políticas de suas canções.
Primeiros passos e luta
Sua expressão artística nasceu quase junto com ele. León ganhou sua primeira guitarra quando tinha só oito anos de idade e começou a se apresentar em diferentes cerimônias da escola onde estudava.
Logo se juntou a banda Los Moscos, um grupo de rock com o qual pouco a pouco foi ficando famoso nas cidades vizinhas. Depois participou de diferentes bandas até que em 1973 gravou León Gieco, seu primeiro disco solo. É importante lembrar que nesses tempos a Argentina atravessava uma terrível ditadura militar e que as manifestações artísticas se caracterizavam pelo desconforto com esta situação.
Assim, León, desde o princípio de sua carreira se caracteriza por sua solidariedade e seu compromisso social. Logo depois gravou varios outros discos: La Banda de los Caballos Cansados (1974), El fantasma de Canterville (1976), IV LP (1978), Siete años (1980), Pensar en nada (1981) y Corazón americano / El gran concierto (1985)
A grande viagem
Em 1981, Gieco iniciou uma enorme viagem nacional que levou três anos. Foram ao todo, 450 apresentações em todas as províncias argentinas e 110 mil quilômetros percorridos, cantando para mais de 400 mil pessoas.
Esta viagem foi batizada com o nome De Usuhuaia a la Quiaca e consistiu, praticamente, em ir aos locais de nascimento das músicas para poder gravá-las em seu ambiente natural, com a preservação dos sentimentos do local de origem.
Para isso, León viajou em um estúdio móvel dentro de uma van. Alem da gravação das músicas foram tiradas duas mil fotografias e gravadas mais de 50 horas de vídeo, registrando os momentos mas gloriosos da viagem. Desta maneira, os concertos que foram feitos em cada canto da Argentina deram origem a um grande legado cultural. Poetas, mestres, alunos, músicos (entre eles os conhecidos Sixto Palavecino, Cuchi Leguizamón y Gustavo Santaolalla) e a terra mesma, juntos numa produção nacional.
Gieco já gravou 29 discos. O último deles, lançado em 2006, leva o nome 15 años de mi. Mas não são só as letras das suas canções que o identificam. Seu compromiso social o levou a ser reconhecido como “Cidadão Ilustre da cidade Buenos Aires” em Junho de 2004 e, em 2009, o Conselho Superior da Universidade Nacional de Córdoba (UNC) resolveu, por unanimidade, reconhecer León Gieco por seu trabalho na defesa dos Direitos Humanos, da Memória, da Verdade e da Justiça.
Mundo Alas
Em 2009, León deu início ao projeto Mundo Alas, que tem como objetivo dar visibilidade, através da arte e a cultura, ao problema da deficiência e da integração social. Assim, Mundo Alas permite que músicos com necessidades especiais mostrem ao mundo sua arte. O projeto inclui um CD, um filme, um livro e uma série de televisão com seis capítulos.
Como podem ver, León tem a força que caracteriza seu nome, como aquele trem que pode atravessar os desertos da sociedade e quebrar a calma em dois para com sua música lutar pela justiça e a verdade.
Abaixo nós ficamos com a canção “La Memoria”, um grito pela liberdade e que relembra momentos da ditadura argentina e de outros países latino-americanos.