A banda Kent quase passou despercebida na semana da Suécia, tendo que disputar espaço com o metal do Vintersorg, a salada musical da Svenska Akademien e as criações e recriações dialetais em blues e em reggae de Peps Persson. Mas como (felizmente) nem só de exotismo vive o nosso programa, não tivemos dificuldade em reconhecer a qualidade musical destes músicos suecos famosos em toda a Escandinávia.
O som da banda é marcado pelo uso de sintetizadores e outros experimentos, o que rende comparações com o Depeche Mode. A influência dos compatriotas do The Cardigans também é sentida tanto na sonoridade como na parceria entre as bandas, que aconteceu, dentre outros momentos, nas composições para um projeto paralelo envolvendo os vocalistas e em um dos tours que ambas fizeram juntas pelos Estados Unidos.
Um ponto marcante na sonoridade da banda é que o elemento rock predomina mesmo naqueles singles aparentemente mais pops. Os álbuns, lançados em diferentes momentos da carreira, costumam variar entre temáticas mais melancólica e outras mais pra cima. Os singles da banda têm presença garantida no topo das tabelas sem que a banda precise deixar de lado a guitarra para fazer algo mais dançante ou vendável. A música do Kent pode até soar familiar, mas sem aquela impressão de mais do mesmo.
O resultado de tudo isso é uma carreira consolidada em toda a Escandinávia, apesar de a banda não conseguir repetir o feito de conterrâneos como Roxette, The Cardigans e Ace of Base. Eles até que tentaram: lançaram álbuns em inglês e fizeram seus tours pelos EUA, mas mesmo estes álbuns em inglês tiveram maior êxito na própria Escandinávia. Os vocais excelentes de Joakim Berg e as letras por vezes oníricas não são a mesma coisa no idioma da Rainha Elizabeth. De resto, esta tentativa, até o momento infrutífera, de se juntar ao Império não desmerece a bela obra musical destes suecos.