Desde que vim morar em Lisboa, sempre escuto (ok, leio no facebook) dos meus amigos brasileiros a pergunta: “os portugueses ouvem fado? Assim, no dia a dia?”.
Sim, ouvem. Da mesma forma como nós ouvimos samba. Muitos vão com frequência aos fados e têm uma coletânea respeitável em seus iPods. E, desde que o fado foi declarado patrimônio imaterial da humanidade pela UNESCO, no último dia 27 de novembro, as ruas foram tomadas por referências a esse fato, que vão desde propagandas de cerveja a cartazes do ministério do turismo.
Há, claro, as casas de fado direcionadas para os turistas. Mas tive a sorte de minha primeira experiência ser acompanhada de um grupo de amigos 100% alfacinhas (isso é, nascidos em Lisboa), verdadeiros conhecedores do “fado vadio”, que é o fado amador, pouco polido.
Caminhando pelas vielas de Alfama, bairro onde hoje se encontra o Museu do Fado e berço do gênero, chega-se a uma tasquinha apertada, abarrotada de mesas e de gente. A dona do local nos recebe com um “bom dia” apesar de passarem das nove da noite. E o desavisado que ousar corrigi-la escuta logo a resposta: “é bom dia mesmo. O dia tem 24 horas”.
As porções de salada de polvo, pataniscas de bacalhau e escabeche já esperam por nós à mesa. Com um pouco de atraso, como é de praxe entre nós latinos, apagam-se as luzes.
Como o silêncio não vem de imediato, a dona da casa aos berros ameaça colocar-nos todos para fora, na chuva, se não houver silêncio. E ainda arremata: “se não se calarem, não há fados!” E não, não foi em tom de brincadeira.
Estabelecida a ordem, um violão e uma guitarra portuguesa começam a dar sinal de vida e logo entra o primeiro fadista. O cantor decide com os músicos ali, na hora, qual será a música escolhida. A noite segue assim, cada bloco com um fadista diferente, mas todos com a mesma intensidade e paixão característicos das músicas dos guetos.
Afinal, como diz o ultimo fado cantado na noite, não é fadista quem quer, mas sim quem nasce fadista.
E é com o fado que encerrou a noite que finalizamos o texto. A voz é de Amália Rodrigues (1920-1999), para muitos a maior fadista de todos os tempos.
Clara Nobre é mineira, publicitária e quer ser marketeer quando crescer!
Rita marques
»Clara, seu texto dá vontade de ir a Lisboa! Espero poder comprovar tudo isso em breve numa casa de fados em Lisboa…
Lucia Sarapu
»Que saudades! Grata por me lembrar!!! Amo demais e mais ainda por sua pena
Carinho, Lucia
Vilma fonseca
»Clara, tem razão a minha amiga Solange de se orgulhar muito da filha que tem! Texto claro, objetivo e convincente. Vilma Fonseca
Clara, por tudo que te conheço através da Solange, te imaginei vivendo o fado pelos becos da Alfama. Lindo e Claro texto!!!!
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Olá Amada! Que bom gosto!!!! Um beijo grande!!
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