Embora queiram a mesma coisa, brasileiros e colombianos entram em campo separados por um abismo. Para uns vale a glória de chegar às quartas de final; para os outros está em jogo o cumprimento de suas obrigações. Como diria o locutor esportivo que teima em não se aposentar: haja coração!
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O selecionado brasileiro ouvirá o hino sem lágrimas pela primeira vez nessa Copa, embalados por uma torcida que bate as mãos sobre a cabeça enquanto grita RE-GIIII-NA / BRAN-DÃÃÃO. É preciso ter calma nessa hora, como tiveram e têm os membros do Sonantes, projeto encabeçado por Céu, Rica e Gui Amabis e a dupla Dengue e Pupilo, da Nação Zumbi.
O único disco saiu primeiro na gringa, em 2008, e foi recebido com os aplausos efusivos que merece. O desinteresse das gravadoras brasileiras adiou em 3 anos o lançamento por aqui. Os Sonantes não fazem shows, parecem pouco interessados em lançar outro disco, mas nem precisam. Confirme essa impressão ouvindo a faixa Carimbó.
James Rodríguez, Cuadrado e Jackson Martínez estão sentados sobre os ombros dos gigantes Valderrama, Higuita e Freddy Rincón (sem falar de Mondragón, que está lá sentado no banco). Situação parecida com a da Ondatrópica, projeto de Mario Galeano (da Frente Cumbiero) e do inglês Will Holland (produtor conhecido como Quantic).
Bancados pelo British Council, os dois produziram um disco que repassa a história da música tropical colombiana em suas muitas variantes: cumbia, salsa, ska, ritmos caribenhos e tudo mais. Gravaram em estúdio analógico, com as presenças de figuras lendárias, como Fruko e Michi Sarmiento. Ouvimos Dos Lucesitas, na bela voz de Nidia Gongora.


Sobre o jogo: É preciso dizer uma coisa. Seria fácil ganhar a Copa latina, em casa, se o Brasil praticasse um futebol latino. Hoje, quem faz isso é a Colômbia. A família Scolari ainda paga o preço da derrota em 82 (a morte) e da vitória em 94 (o renascimento), que fazem do Brasil um representante quase europeu: favorito em qualquer Copa jogada no Japão, na Itália, nos EUA, no Congo, na França… menos nessa. Vivemos mais um capítulo da crise de identidade que assola o país. Preparem os desfribiladores! O Brasil vai suar sangue, mas passa, porque sua camisa é como o maracatu: pesa uma tonelada.