Vamos de diversidade multicultural e engajamento social e político para o duelo desta tarde.
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Artista que acompanhamos desde o início do nosso projeto, o cantor Nosliw sempre foi excelente exemplo para o que queríamos dizer. Hoje talvez nem tanto, mas nos idos de 2006 a expressão “reggae em alemão” fazia o interlocutor girar a cabeça em descrença. Nosliw começou cantando hip hop os anos 90, mas o sucesso veio mais tarde, já alternando entre o reggae e o dancehall.
O interessante é que Nosliw equilibrou a sonoridade praiana dos ritmos jamaicanos com leituras modernas de temas urbanos em suas letras. A música que ouviremos, Nazi Raus!, é um single de 2010. “Fora, nazistas”, como pode ser traduzida, é apenas uma das ações do engajado cantor, que apoia campanhas e participa de festivais para levantar recursos para organizações contra a violência promovida pela extrema direita.
Seu oponente é igualmente engajado. Idir, além de ser um nome histórico da música argelina, ao longo dos anos participou de vários concertos pela paz, liberdade e tolerância. Um dos mais famosos foi em Paris para angariar fundos para a população de Kabylie, cidade atingida por motins contra o governo em 2001.
Kabylie, ou Cabília, está no norte da Argélia e é parte importante na história da cultura berbere. É essa cultura que Idir transmite e preserva com suas músicas. Ouviremos a canção Revolution, em que ele canta acompanhado pela também argelina banda Gnawa Diffusion.


Sobre a partida: por uma dessas coincidências que só o futebol tem, os argelinos entram em campo em clima de revanche histórica pelo “jogo da vergonha” da Copa de 82. É até interessante lembrar que, naquela Copa, a Argélia venceu sua partida contra a Alemanha por 2×1, antes de assistir à marmelada que a tirou das oitavas. Dito isto, esperamos um jogo quente, mas ainda não deve ser desta vez que os alemães vão levar o troco.