Aproveito o gancho do nosso último programa semanal, que foi ao ar na sexta-feira passada, na rádio UFMG Educativa, para falar um pouco sobre a banda Soda Stereo. Para muitos a maior banda de rock da história da Argentina, para outros ainda mais do que isso. As conexões com a música brasileira, como bem mostraram os colegas Hidson Guimarães e Igor Costoli, passam pela canção “De Música Ligera”, um dos grandes sucessos do Soda que, no Brasil, ganhou duas versões, uma do Paralamas do Sucesso e outra do Capital Inicial.
Informação que não é do conhecimento de muitos em nosso país. Tão obscura como o próprio Soda Stereo e a música realizada por nossos vizinhos latino-americanos, constatação recorrente aqui no blog. Por isso também não causa espanto algum que um dos maiores retornos da história recente da música tenha passado completamente despercebido aos nossos olhos. E não pensem que estou exagerando…
Gustavo Cerati (voz e guitarra), Zeta Bosio (baixo) e Charly Alberti (bateria) fizeram uma grande turnê pela América Latina, no fim do ano passado, denominada “Me Verás Volver”. Retorno aos palcos, comemorado por fãs de todo o continente, após dez anos do fim do Soda Stereo, que havia acontecido em 1997 – motivado por problemas e diferenças entre os três integrantes. O sucesso foi enorme, os números foram impressionantes. Argentina, Chile, Equador, México… Os países se sucederam e a situação era a mesma: ingressos esgotados, novas apresentações marcadas, estádios lotados e recordes quebrados. Só no Monumental de Nuñez, estádio do River Plate, foram seis shows, incluindo o da nova despedida.
Mas por que será que o Soda Stereo atraiu assim, tanta gente? O início da resposta parte de uma constatação do produtor que vos escreve: Soda Stereo é figurinha carimbada e presença quase indispensável em listas de referências de artistas e bandas espalhados por todos os países da América Latina. Nome recorrente em qualquer pesquisa.
O fato é que nada disso é gratuito. Criado em 1982, o Soda Stereo quebrou paradigmas e ajudou a unificar culturalmente os países de língua espanhola do nosso continente. A banda teve papel fundamental na popularização e consolidação do rock cantado em espanhol, ao alcançar sucesso em todo o território latino-americano, fato inédito até o momento.
Fenômeno amplo, de alcance massivo e que possibilitou o desenvolvimento de uma cena forte, do “rock en español”, hoje tão presente em toda a América Latina, que até aquele momento se encontrava mergulhada em um dilema: da oposição entre os ritmos populares e mais dançáveis ao rock de clara influência anglo-saxônica.
Essa época marcou gerações, ajudou a forjar toda uma identidade. O Soda Stereo, além da qualidade sonora, é uma lenda, um mito, por tudo aquilo que representa. Com todos esses ingredientes a magnitude dos números desse retorno é mais do que justificada. Pena que acabou de novo e eles nem passaram perto do Mineirão… Quem sabe daqui a mais dez anos?
Costoli
»Muito bom texto, Capixaba. Um dos que mais gostei aqui do blog.
Soda Stereo no Mineirão? Acho que nem em 20 anos… a não ser que o “Pop Rock Brasil” o descubra. Mas aí, peço pelo menos mais uns 30 anos…
Hidson Guimarães
»A Europa rende textos muito melhores que qualquer banda latino-americana…
Tiago Capixaba
»agradecido costoli, e tocado pela gentileza baiano…
eurocentrismo tocante
pena que é vc que escreve sobre europa…